Quem sou eu

Minha foto
Sou grata aos amigos e amigas,que têm a delicadeza de validar minhas simples escritas.

domingo, 21 de junho de 2020

OS ÚLTIMOS TERCETOS_DO LIVRO PROSA E CONTOS

As vezes, ou geralmente para ser mais sincera, sinto saudade das conversas, das risadas, das broncas, dos recados da multidão.
Vez ou outra aparecera sempre o mesmo sorveteiro.
_Olha o picolé delicioso, faço até em dez vezes sem juros.
Outras vezes:
_Casa comida, roupa lavada e passada.
Ele usara da ousadia e da criatividade o tempo todo, acreditara que ele ainda não fizera amizade com um androide, ou então, a vida não permitira interesse por coisas desnecessárias.
E quando a multidão atravessava a avenida de um lado para outro, chegáramos nos trombar com aquele vozerio todo.
Eu lembro das tardes que desciam mansamente por aquele lugarejo afogado de carros, lembro dos imponentes ipês e da paineira que florescia o ano todo, também o brinco de princesa que se lotava de vagens pedindo em meio o asfalto a perpetuação.
Em cada canto daquele lugar, ficara um pouco de mim,o sofrimento que me ensinara tanto, a felicidade tão subtraída, porém intensa.
Os interfones e como Rapunzel, eu jogando as chaves, o cheiro do café e as conversas informais.
[os dois últimos tercetos]
“Os Cisnes”
Um dia um cisne morrerá, por certo:
Quando chegar esse momento incerto,
No lago, onde talvez a água se tisne,
Que o cisne vivo, cheio de saudade,
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado de outro cisne…
Julio-Mario-Salusse
Sempre fora um declamador de sonetos espetacular.
Os chocolates encontrados de surpresa na geladeira, a falta de coragem para constatar a veridicidade, a dor no peito esporadicamente avisando que o coração está partido.
Após tal fato,eu precisara andar de óculos escuros o tempo todo, até dentro dos supermercados porque perdera a capacidade de contenção de lágrimas.
Eu buscara resposta em todos os lugares desconhecidos, porque talvez o fato em si, por brutal que pareça, fizera alguém feliz.
Eu já te agradeci?
A frase repetida durante anos e anos.
O dia em que meu polegar enxugara as lágrimas, as quais até hoje, jamais soubera por que.
Eu preciso desta solidão, porém criando e reinventando o tempo inteiro para não enlouquecer.
Tu fizestes com que eu perdesse definitivamente o medo da extenuação, pois ainda sonho te encontrar.
Sonho com aqueles pães de queijo bem torradinhos, e uma batida bastante calórica com sabor de frutas com leite condensado.
E a seguinte frase:
Essa batida que você me ensinou é uma delícia!
Claro!
Era o jeito que ele encontrara para receber meus elogios.


Nenhum comentário:

Postar um comentário